A jornalista Márcia Dantas foi demitida do SBT na última segunda-feira (6) em meio a grande reformulação na equipe de jornalismo da emissora, que agora tem Leandro Cipoloni (ex-Record e CNN) no cargo de diretor.
Na noite desta sexta (10), Márcia falou pela primeira vez sobre sua demissão. Confira:
“A palavra ‘demissão’, no inicio, é pesada e parece escancarar medos de toda uma vida. Rejeição. Insuficiência. Injustiça.
Eu nunca tinha passado por isso. E confesso que exaltava o fato de sempre ter tomado as rédeas da minha carreira, decidido entrar e sair de empresas, mudar de cidade, recomeçar. Mas hoje, relembro um ensinamento de Deus, que vivi há quase 10 anos, quando cheguei em São Paulo:
‘As rédeas sempre estiveram nas minhas mãos’.
Desde que fui desligada, essa palavra ganhou um novo tom. Não me envergonho, porque ela tem me mostrado a grandeza do amor e de tudo que construí em quase 20 anos de profissão. O espelho da minha história se reflete nas milhares de mensagens que tenho recebido diariamente. Muita gente do meu país chamado ‘Pará’, que pôde sentir o orgulho de ser representado nacionalmente por uma papa xibé, que toma açaí sem açúcar e dança brega e rock doido com o mesmo entusiasmo em que anuncia uma notícia. ‘Você é diferente, engraçada, me sinto representada’.
E além das mensagens de acolhimento, também chegaram histórias de superação. O Dinho me conheceu durante uma reportagem. A empresa em que ele trabalhava faliu e não pagou o direito de centenas de trabalhadores. Segundo ele, o meu jeitinho de entrevistar o marcou. Dinho me disse no direct que se passaram 5 anos, ele nunca recebeu, mas reconstruiu a vida, virou empreendedor, tem a casa própria e não me esqueceu. Eu li sua mensagem, Dinho. E agora também não vou te esquecer.
A Mara trabalha como babá e me contou que foi demitida de um emprego que amava muito a criança, mas até hoje mantém contato ela. E graças a indenização conseguiu cuidar da saúde da mãe e do pai que tem Alzheimer. Ela perdeu tudo em um incêndio em 2021 e os novos patrões a ajudaram a reconstruir a vida. Ela disse que eu não precisava responder, mas que queria que eu lesse, para acreditar nos propósitos de Deus. Eu Li, Mara. E acredito.
Eu não consegui ler tudo, mas sinto o propósito e os novos significados desse encerramento de ciclo. Entrego e agradeço. Pela Mara, pelo Dinho, e por tantos que eu toquei com meu trabalho, com minha alegria.
Eu prometo que, como diz a música do engenheiros do Havaí que ouço sempre: ‘Não vim até aqui pra desistir, agora’. Vocês vão ver ainda a comunicadora, a mãe, a mulher, a fênix, a paraense, ressignificando palavras, anunciando grandes feitos, chorando de emoção, dançando... Sendo o que ela nasceu pra ser, em sua totalidade.
Fui demitida no mesmo dia do prêmio da Fernanda Torres. Cara, juro, me sinto também, por milhares de motivos, totalmente premiada.”
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